Conta uma piada que dois cegos viviam na porta de uma igreja pedindo esmolas. Um dia passou um gaiato e gritou: Joguei R$ 100,00 quem conseguir pegar e o dono. Os dois cegos começaram uma busca frenética e dizendo cada um que aquela nota era dele, em poucos segundos começaram a se atracar, enquanto o gaiato se divertia e para completar sua farra pessoal gritou: Ai oh, nessa briga não pode usar faca não. Como nenhum dos dois cegos sabia quem estava com a tal faca pularam para trás e diziam: faca não, faca não. Diga-se de passagem, piada de humor de mau gosto!
Qual dos três personagens era o verdadeiro cego?
O pior dos cegos ali era o gaiato, pois sua cegueira estava no espírito de gaiatice em que desprezou a real condição de duas pessoas, dois seres humanos que desprovidos da luz dos olhos e desesperados pela fome e suas condições lutavam para se manterem vivos.
Assim somos nós muitas vezes, desprovidos de luz espiritual em nossos olhos e menosprezando o fraco, o pobre, o humilde, o ser desprovido de condições, porem os mesmos são extremamente úteis e interessantes a cada dois anos.
Particularmente eu sonho com o chamado processo de unificação das eleições quando em uma única eleição votaremos de presidente a prefeito, é a tal tese dos 5 anos de mandato sem direito a reeleição.
Na bíblia temos uma passagem que diz que Deus faz chover sobre o justo e sobre o ímpio, assim como faz brilhar o sol sobre ambos, ele não faz distinção, pelo contrario, só prova o seu imenso amor pela humanidade, esperando que o ímpio se torne um justo e que o justo se torne mais justo ainda. São os desígnios de Deus para esta humanidade tão combalida e tão desprovida de amor pelo próximo.
Jesus ensina também que o nosso próximo é aquele que esta perto, o que esta longe, o que passa fome, o que esta em cadeias, o que é rico, o que está com saúde, o que esta doente. Qualquer um é o nosso próximo. Infelizmente temos o péssimo habito de ignorar os necessitados e procuramos estar próximos dos que estão bem, ou como se diz na gíria, os que estão bonitos na fita.
Temos que deixar cair as escamas dos nossos olhos e passarmos a olhar o todo. Em uma musica cantada pelo Pe Fabio de Melo, Humano Demais, ele diz: “Tu enxergas o profundo, Eu insisto em ver a margem Quando vês o coração Eu vejo a imagem”.
Somos assim, vemos a margem e a imagem, desprezamos o profundo e o coração dos outros. Um dia talvez, com muito exercício, de uma coisa chamada humanidade, consigamos mudar esta ótica.
O pior cego é aquele que não quer ver, e não vê porque está preso em si mesmo por seus egos e vaidades, mesmo sabendo que nada disso leva a lugar nenhum.
Nos só enxergamos através dos olhos dos outros quando somos cegos físicos. Quando enxergamos através dos olhos dos outros quando somos sãos é que nos faltam duas coisas: personalidade e discernimento, que vem a ser a capacidade de distinguir o certo do errado, a luz da escuridão, o bom do mau.
Às vezes somos humanos demais para entender que o pior cego é o que não quer ver.
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